terça-feira, 22 de abril de 2014

O dia antes de amanhã...

Resolvi começar o blog dois dias antes da minha cirurgia, de maneira diferente dos blogs que já pude ler... Não foi proposital, só não tinha decidido fazê-lo antes, a decisão veio como forma de fazer um diário pra mim mesma sobre a decisão de submeter-me a uma cirurgia que mudaria a minha fisiologia consideravelmente, as sensações que tenho nesse trânsito e claro, se alguém encontrar o blog pelas buscas no google, espero servir também com as informações da minha experiência, informalmente.

Amanhã estarei sendo operada, minha cirurgia bariátrica será a Bypass gástrico em Y de Roux, sem anel. Achei que estaria nervosa na véspera, mas graças a Deus o dia até aqui foi tranquilo, talvez a ansiedade aumente na hora de dormir, como é natural comigo em toda véspera de um dia importante. 
Hoje fui a uma consulta com a minha psicóloga da equipe multidisciplinar, Dra. Thaís. Quis marcar essa consulta próxima da cirurgia e por coincidência havia vaga na véspera. Foi muito bom conversar com ela hoje, eu não estava nervosa, mas foi um apoio a mais com a segurança sobre amanhã. Comentei que eu estava preocupada apenas por ter menstruado e o fluxo ainda não ter ido embora, pois não sabia exatamente como seria essa situação na mesa cirúrgica, como ela não sabia esclarecer com segurança, sugeriu que fôssemos conversar rapidinho com o Dr. Fábio, que estava lá na mesma clínica.
Ela me acompanhou e hoje o Dr. Fábio me atendeu um tanto mais simpático, geralmente ele tem um jeitão naturalmente sério, nada que incomode, mas foi bastante acolhedor vê-lo na véspera da cirurgia com uma expressão mais sorridente, e me explicou que não havia problema com relação a menstruação: "A enfermeira deve colocar o absorvente, quantas vezes você precisar, porém sem calcinha. Absorventes internos não são recomendados... Talvez o anticoagulante (clexane) possa aumentar seu fluxo, se isso acontecer consideravelmente, será bom ver com o seu ginecologista caso acarrete em anemia."
Perguntou se tava tudo bem, e quando eu disse que havia apenas a tensão da véspera, ele sorriu dizendo pra eu ficar tranquila, nos despedimos com um "até amanhã". :)

Fui tratar de cortar um pouco o cabelo, já que há a tendência de cair um pouco após a cirurgia (e o meu já cai bastante) andar pelo centro da cidade, assistir minha série preferida... atividades que me distraíssem. A dieta líquida continuou sendo difícil pra mim no final do dia, que dá mais fome.
As 22h minha tia que é enfermeira aplicou o 1º clexane, como solicitado pelo médico. 
Agora é dormir para renascer em um grande dia...

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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Das etapas da cirurgia - Meu IMC e o cirurgião escolhido



Tenho 31 anos, 1,67 de altura e tinha 99kg (35,5 IMC) quando comecei a pensar na possibilidade de cirurgia bariátrica. Como já mencionei anteriormente, as questões de saúde e meu histórico de tratamentos é que me levou a essa possibilidade que antes eu achava imprópria para mim. Tenho plano de saúde dos servidores públicos do estado, IPES, após ir à endocrinologista que me acompanhava, conversar sobre a opção da cirurgia e ter a avaliação dela como apropriada para o meu caso, busquei o mesmo médico que tinha realizado a gastroplastia do meu marido, Dr. Fábio Almeida. As referências deles eram ótimas, tanto pela experiência do meu marido, como por outros casos de conhecidos que tomei conhecimento. Dr Fábio além de ter consultório no IPES, tem uma empresa de "Serviço Integrado de Gastroenterologia e Obesidade" - a SIGO. Por tudo que pesquisei, com 15 anos de atuação, é uma experiência de sucesso para seus pacientes, e agora que já está tão próximo da minha cirurgia, (resolvi criar o blog 3 dias antes do grande dia) posso dizer que fui muito bem acompanhada por sua equipe multidisciplinar. 
Apesar do esclarecimento do cirurgião de que após o IMC 35 e antes do 40 a cirurgia é um tratamento possível, os rumores que eu ouvia era de que os peritos do plano de saúde dificilmente aprovam antes do IMC 40, principalmente quando eu não tinha comorbidades como hipertensão ou diabetes. Os meus problemas de saúde eram a síndrome metabólica e os ovários policísticos que contribuíam ao ganho de peso, além das dores nos joelhos, mas apenas a síndrome metabólica constava como comorbidade e eu precisaria de ao menos duas, tendo um IMC menor que 40. 
Tomei uma decisão um tanto difícil, (que não quero ser exemplo) eu sabia que meu metabolismo estava lento e o ganho de peso rápido, então bastava eu parar de fazer o controle diário de dieta para eu engordar... Ou seja, eu não comi desesperadamente, mas simplesmente não me preocupando em "fechar mais a boca" e me permitindo comer doces normalmente, rapidamente eu ganhei peso e em apenas 3 meses, enquanto fazia diversos exames solicitados pela endocrinologista e pelo cirurgião, ganhei 11 kg e passei pro IMC 39,7. Meu Deus, um triz da assustadora  Obesidade mórbida! 
Chegado ao dia da perícia, bebi quase um litro de água pra ficar mais pesadinha e o cálculo dele deu os exatos 40 de IMC. Sabe o que o perito disse? " _ Por pouco você não teria a autorização, mas está no IMC mínimo, já que não tem comorbidades suficientes". Ou seja, rumores certos, e cirurgia garantida com um acréscimo de peso que só me fez ficar mais cansada e complexada a cada troca de roupa, mas na certeza de que com um metabolismo nessas condições, a cirurgia era realmente a melhor opção de tratamento para mim.



Como se deixar amar?



São inúmeros os problemas psicológicos que o ganho de peso podem causar... Achava incrível ver pessoas gordinhas desencanadas, mas comigo foi começar o sobrepeso e entrar nas paranoias. Talvez por não ter sido gordinha desde a infância... Nunca fui metida ou discriminatória com os padrões de beleza, mas o fato de ter tido por muito tempo elogios referente a beleza, contribuíam para que o atual estado do meu corpo fosse para mim um grande fracasso. Conversando com a psicóloga da equipe multidisciplinar responsável pela cirurgia bariátrica, relacionei esse aumento de peso maior também a uma fase da minha vida onde tudo mudou de repente. Em 2008, o ano que comecei a engordar mais, foi justo o ano que fui demitida após uma recente ascensão profissional. Mudei radicalmente meu estilo de vida na época, da experiência na área comercial, para dedicação da minha graduação e o início difícil em um novo mercado de trabalho, com muitas portas sem se abrir e a insegurança como novidade. 
Com a entrada no IMC da obesidade, o complexo virou imenso e já não me sentia uma mulher atraente. Minha vida social ficou tão escassa que conheci meu marido através do facebook (amigos em comum) e não num encontro convencional... O meu complexo quase não permitia o nosso encontro, pois apesar de morarmos na mesma cidade e após mantermos um diálogo frequente, eu achava que ele se decepcionaria ao me ver além das fotos. Mal sabia eu que ele já tinha sido gordinho e naquele mesmo ano tinha feito a bariátrica. Ainda bem que mesmo sem me contar seu histórico de peso, num contato diário de amizade ele me fez ver que estava realmente interessado em mim e talvez aqueles quilinhos a mais não fossem tão importantes. O mais importante a dizer sobre o nosso relacionamento aqui, é que ele não só estava apaixonado por quem eu era como pessoa, mas sentia muito desejo por meu corpo gordinho! Sim, é importante que a mulher gordinha saiba disso, nós podemos ser desejadas, por mais que não acreditemos! Ele adorava elogiar minhas coxas fartas, os seios... Ninguém está com você apenas pela pessoa bonitinha que você é por dentro, acredite, ainda somos gostosas, ainda que não seja observado pela maioria. 
E eu o amava ainda mais, por ver mesmo nesta fase difícil, todo aquele carinho e desejo em seus olhos azuis...
Assim, justo quando eu não esperava, surgiu o amor que me levaria ao altar...


domingo, 20 de abril de 2014

Eu em outra forma


Eu briguei com a balança muitas vezes, na infância tive uma fase de peso normal e outra fase gordinha quando já estava entrando na adolescência, depois alonguei até participei de desfile de beleza no colégio e fui uma adulta com peso “ideal” (IMC e sem dobrinhas) até os 23, quando então comecei a ganhar peso. Inicialmente o ganho de peso era pouco e controlável, mas me fez entrar em depressão logo no início, quando subi os primeiros 10kg. Iniciei então tratamento com endocrinologista e logo com aqueles remedinhos famosos perdi peso, mas recuperei em dobro e daí em diante nos últimos anos os remédios já não adiantava. Tenho a síndrome dos ovários policísticos, (SOP), que entre outras coisas, causam um problema de não metabolizar o açúcar dos alimentos e ainda vem de brinde pelos no rosto e dificuldades de ovulação... Desde 2010, aos 28 anos é que comecei a ter um ganho de peso mais considerável, apesar de todos testemunharem que nunca fui uma pessoa gulosa, comia normal e para perder peso me esforcei nas dietas super restritivas... Voltei a perder uns 10kg e logo voltava a ganhar. Passei a não querer sair de casa para o lazer, apenas para as obrigações e trabalho, pois como as pessoas me conheceram com um corpo bonito e esbelto os comentários ou expressões assustadas me incomodava bastante! Eu já não sabia como fazer para emagrecer, já não tinha forças para restringir tanto a alimentação e não ter resultado. A depressão só piorava o quadro, pois apesar de não comer tanto, os doces eram minha fuga nos momentos de frustrações, ao me ver em uma forma que não era "a minha", pois eu continuava me sentindo a mesma mulher por dentro, mas não era vista assim por fora. E caráter é imprescindível, mas não basta pra nossa autoestima.
A decisão da cirurgia, só veio depois de conhecer a experiência do meu marido, e principalmente, depois de perceber que meu ganho de peso estava cada vez mais rápido e minha saúde já estava sendo abalada apesar dos inúmeros métodos de tratamento e dietas. Tomei a decisão após ter joelhos doloridos, coluna afetada, potencialização da SOP, (ela contribui com o ganho de peso e o ganho de peso provoca uma piora nos sintomas, como dificuldade de ovulação, maior dificuldade para engravidar e os pequenos problemas estéticos) e crises psicológicas com relação a minha inserção social. Caso você encontre o meu blog e esteja com dúvidas, pese todos os pontos, descubra se ainda pode ter êxito nos métodos tradicionais, até tomar a decisão.

Como cheguei...



Como chego aqui, nesse diário em busca de um reencontro? 
Bem, já tive alguns blogs, de poesias, opiniões/cultura... E justo quando estes já estão abandonados, resolvo voltar a escrever, desta vez com um objetivo um tanto diferente, este blog tem o intuito de falar como vivi/vivo o problema da obesidade e o recomeço de vida, após a decisão de submeter-me a gastroplastia.
Existe uma infinidade de blogs que estão aí para complementar informações daqueles que pensam em tomar essa decisão... Poderei servir também com esse fim, porém não sei se seguirei os padrões informativos. Depois de tantos que já existem, talvez eu possa acrescentar apenas no que se refere à informações da cirurgia realizada em Aracaju, algo que quase não encontrei quando tive dúvidas. Apesar de possíveis informações que alguém pode encontrar aqui como relato de experiência própria, é preciso lembrar que nós, pacientes de cirurgia bariátrica, não somos profundos conhecedores da ciência, mas apenas contadores de histórias biográficas, que pode ter um desenvolvimento totalmente diferente para cada um.